Manuscritos do Mar Morto podem ser mais antigos do que se pensava, diz estudo
- 10/06/2025

Um novo estudo, impulsionado por um modelo de inteligência artificial (IA), sugere que os Manuscritos do Mar Morto podem ter sido escritos ainda antes do que se imaginava originalmente.
Pesquisadores da Holanda, Itália e Dinamarca divulgaram recentemente suas descobertas em um artigo publicado na revista PLOS One, no dia 4 de junho.
Segundo os pesquisadores, eles criaram um modelo de inteligência artificial para prever datas, batizado de Enoque – uma referência ao patriarca bíblico com o mesmo nome.
De acordo com o estudo, Enoque "foi treinado como um modelo de previsão de data baseada em aprendizado de máquina aplicando a regressão de cume bayesiana em descritores estabelecidos no estilo de caligrafia".
Para estimar a idade dos pergaminhos, o modelo examinou o estilo da caligrafia presente em cada um.
Os pesquisadores também combinaram essa análise com técnicas de datação por radiocarbono – e concluíram que muitos dos textos são, ao menos, uma geração mais antigos do que se acreditava anteriormente.
Antes, os estudiosos acreditavam que os pergaminhos datavam de 150 a 50 a.C., mas o novo modelo revelou que muitos deles foram escritos por volta de 200 a.C. – ou seja, são ainda mais antigos do que se pensava.
“As previsões baseadas em estilo feitas por Enoch são frequentemente mais antigas do que as estimativas paleográficas tradicionalmente aceitas, levando a uma nova cronologia dos pergaminhos e à redatação de textos-chave do judaísmo antigo, que contribuem para os debates atuais sobre as origens do judaísmo e do cristianismo”, afirma o artigo.
A maioria dos pergaminhos foram encontrados em cavernas do deserto perto do Mar Morto nas décadas de 1940 e 1950. (Foto: Shai Halevi, Autoridade de Antiguidades de Israel)
Os pesquisadores também indicam que as novas datas são “realistas”.
“Não há razões paleográficas ou históricas convincentes que impeçam essas datas mais antigas de serem consideradas marcos temporais confiáveis”, afirmaram os autores.
Os pergaminhos foram descobertos em cavernas no deserto próximo ao Mar Morto entre as décadas de 1940 e 1950, e datam de um período que vai do terceiro século a.C. ao primeiro século d.C.
Os manuscritos trazem um vasto conhecimento sobre o judaísmo antigo, incluindo diversos textos religiosos do período do Segundo Templo que antes eram desconhecidos.
Desde que foram descobertos, os pergaminhos despertam enorme interesse tanto entre estudiosos quanto entre o público em geral.
Em 2021, uma equipe de pesquisadores israelenses encontrou dezenas de novos fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto.
Em abril, a Biblioteca Presidencial Ronald Reagan exibiu uma coleção especial com oito antigos manuscritos judaicos, como parte de sua mostra dedicada aos Manuscritos do Mar Morto.